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segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Zé de Cazuza "O homem gravador"Lança Livro com Milhares de Versos que Decorou em Mais de 70 Anos


Memória Viva da Poesia Popular e Cantoria de Viola.
O paraibano José Nunes Filho, conhecido como Zé de Cazuza, é fiel depositário da poesia popular e do improviso de viola.
Do alto dos seus 80 anos (nasceu em 13 de dezembro de 1929, na fazenda Boa Vista, em Monteiro-PB,
porém adotou a cidade da Prata-PB como sua terra natal), ele se mantém com uma capacidade
extraordinária e guarda na memória centenas e mais centenas de poemas, causos, canções, pelejas, de alguns dos maiores nomes da história do repente. Parte deste tesouro ele perenizou no livro Poetas encantadores, cuja terceira edição, revista e ampliada, foi lançada
neste último final de semana, na Cachaçaria Matulão, no Mercado da Boa Vista. O dom de Zé de Cazuza tem sido aproveitado por muito pesquisadores e historiadores da cantoria de viola.
Herdeiro de uma tradição de bardos repentistas que remonta aos primeiros grandes nomes do gênero, Zé de Cazuza, cujo pai também era poeta, e em sua casa costumavam ir
Louro do Pajeu e Pinto do Monteiro, dois dos maiores do seu tempo. “Foi ouvindo estes dois que eu comecei a decorar versos. Já fui mais decorador, quando não havia gravador. Agora todo mundo está gravando cantoria. Mas só decoro versos de cantador que merece. Tem muitos deles que têm queixa de mim porque acham que eu não dou valor a eles. Se as pessoas me perguntarem se eles são bons, digo que são boas pessoas, já os versos que fazem... Tem cantador aí que cantou 30 anos em rádio e ninguém lembra um verso dele, se perdeu tudo”, comenta o “Gravador Humano”, seu apelido.No final do ano passado em uma materia especial do 'Globo reporter da TV Globo', ZÉ de Cazuza teve uma quadro especial onde se falava da memoria.
Graças a Zé de Cazuza foram preservados versos de cantadores que ele não chegou a conhecer, que lhe foram ensinados pelos mais velhos ou por alguns que conheceu pouco, como o lendário Antonio Marinho, de São José do Egito. “Quando conheci Antonio Marinho ele já estava bastante doente de tuberculose, não conseguia cantar direito”, lembra Zé de Cazuza, que traz no seu livro versos de marinhos como estes: “O baião muito puxado/Jesus do céu não socorre/vou descansar meu pulmão/ Pinto vai tomar um porre”. Embora tenha convivido com várias gerações de repentistas, não é passadista. Para ele assim como existiram ótimos cantadores no passado, existem ótimos cantadores no presente: “A diferença para o de antigamente é eles eram mais atrasados. Atualmente tem cantadores extraordinários, como Ivanildo Vila Nova, os Nonatos”, diz Zé de Cazuza, que é também poeta e já chegou a ser cantador de viola, mas por pouco tempo: “Ia uma caravana para São Paulo, isto em 1970, eu ia só acompanhar. Iriam seis cantadores, comigo ficava sete. Então tiraram um, e eu fui como cantador. E me sai bem”.Após sete décadas convivendo com declamadores, apologistas e repentistas do Sertão nordestino, o paraibano Zé de Cazuza arregaçou as mangas e registrou seu conhecimento em livro. Em quase 400 páginas, Poetas encantadores apresenta o trabalho de 66 poetas.
Lançado há três anos e com duas edições esgotadas, o livro chega agora à terceira edição, ampliada e comemorativa dos 80 anos do autor, nascido
no Cariri paraibano.
Por MP.

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